quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Desmistificar o Pecado.

Perdoa-me pai, pois eu pequei. Seria assim, para um qualquer cristão, que perante a tormenta, o incomodo ou o arrependimento de ter cometido um dos pecados capitais, penitenciados pela lei de Deus, iniciaria a sua confissão perante o mesmo, com o intuito de esconjurar qualquer réstia de maldade, que aos olhos do catolicismo é não mais do que a influência de forças demoníacas sobre a pureza e fraqueza do comum mortal.

Influência demoníaca, ou puro instinto humano, a verdade é que cada um dos sete pecados capitais são traços da nossa personalidade, e por mais negatividade que lhes seja atribuída, dão-nos proveito e raramente o tiram, senão vejamos:

Vaidade (Orgulho ou Soberba) - O já aqui referido narcisismo. A auto-confiança torna-nos mais fortes, e consequentemente faz com que quem nos rodeia nos admire.

Luxuria - Neste ponto haveremos de estar todos de acordo. A realização sexual e o prazer carnal são a base da vivência humana. Seriamos todos um bando de estafermos se nos negássemos ao mais básico instinto.

Inveja - O desejo ao que nos é alheio. A cobiça do inatingível. Bem trabalhada (e aqui inegavelmente constituo a inveja com sendo negativa), pode ser transformada em algo positivo e bastante benéfico. Ambição.

Gula - No seu sentido morfológico, é incorrecto considerar a gula como um pecado, pois é uma necessidade fisiológica ligeiramente alterada, cometida em excesso, e que no máximo dos máximos nos leva a uma valente dor de barriga ou a dores de cabeça compensadas com enjôos incómodos. Aqui nem há necessidade de penitencia, pois o nosso corpo encarrega-se disso.

Ira - Devia mais ser considerada como um direito á indignação. Porque o que realmente deveria ser constituído pecado, são as pessoas irritantes.

Avareza - Se o receio de abrir mão de algo que nos pertence é considerado pecado, de que vale viver a vida a lutar para obtermos aquilo a que ambicionamos?

Preguiça - Porque a vida não é apenas trabalho e deve ser preenchida por momentos de lazer e de bem estar próprio. E que melhor maneira de tirar proveito disso mesmo com os nossos momentos de aversão ao esforço físico? Uma ida ao SPA pode ser considerada como uma actividade preguiçosa. E é mau?

Considero estar ao alcance dos nossos conhecimentos, desmascarar a linha de uma doutrina criada para limitar o comportamento de um determinado grupo de indivíduos (ainda assim existem piores) como um mito condicionador ao desenvolvimento do intelecto humano.

“O maior pecado contra a mente humana é acreditar em coisas sem evidências. A ciência é somente o supra-sumo do bom-senso” Aldous Huxley, em Evolution and Ethics

2 comentários: