quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Efémero, Mas Eterno.

Falando do Natal de uma perspectiva pessoal, não me posso queixar de nenhum daqueles que passei. Durante 28 anos tive sempre toda a minha família junto de mim, e é essa a parte mais importante do Natal. Mentiria, e seria altamente hipócrita se dissesse que nunca fui materialista, e que nunca passei vésperas de natal em claro, á espera que a manhã de dia 25 chegasse para poder finalmente saber o que me tinha calhado em sorte nesse ano.

Em minha casa nunca celebrámos ceia de Natal (pelo menos não tenho qualquer recordação disso), pelo que a verdadeira essência dessa data ( num prisma infanto-juvenil) estava nessa grande manhã em que não queria saber de mais nada senão daqueles embrulhos coloridos que transportavam alegrias imensas. Tomar o pequeno-almoço á pressa, para descer a rua ainda em pijama e pantufas, e chegar o mais rapidamente a casa da avó Eduarda e do avó Júlio, e assim receber mais um montão de coisas que traziam uma felicidade efémera, mas que mais tarde se tornariam inúteis e acabariam (algumas delas) no esquecimento.

Ao 29º ano, todas as alegrias que vivi nos anteriores, tornaram-se memórias felizes, irrepetivéis, pois duas das pessoas que mais amei e alguma vez vou amar na vida partiram, para aquele local que eles sempre acreditaram ser um sítio melhor. Para além dos meus pais e do meu irmão, a avó e o avô Russo, foram aquelas pessoas que deram maior significado aos meus natais. Eles eram o Natal.

Devolveria tudo aquilo que tive, se pudesse apenas ter o privilégio de passar apenas mais uma vez essa feliz noite do ano (manhã, tarde, dia) com eles. Não sei como será este ano. De certeza mais triste. Dois lugares a menos na mesa de Natal. Dois vazios no coração. Impreenchiveis. Recordá-los-ei enquanto viver o Natal e todos os outros dias da minha vida.

Afinal estava errado. Eles não eram o Natal. Eles continuarão a sê-lo.

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