quinta-feira, 17 de março de 2011

Je ne represse rien.


Um sonho, dentro de um sonho, dentro de um sonho. A Origem (Inception, Christopher Nolan,2010), é um filme que tem tanto de bom em termos visuais como em argumento e conteúdo educativo. Aos olhos dos menos atentos, facilmente passa por mais um Blockbuster que atingiu lucros astronómicos. Nada mais correcto. No entanto a base da sua história está inteiramente ligada a todos nós e aos desejos que temos reprimidos e que só são satisfeitos nos nossos sonhos.

Por serem demasiado embaraçosos ou politicamente incorrectos, o mecanismo de defesa do nosso inconsciente a que chamamos recalcamento trata de assegurar que qualquer tentativa de fuga para fora do seu raio censor saia frustrada. Assim são mantidos os nossos desejos libidinosos e culpas indesejadas, numa prisão invisível que nos protege tanto quantos nos causa frustração.

O grande problema da nossa vida é o controlo a que nós próprios nos submetemos, e por vezes nos impede de ser quem realmente nós somos. O medo de sermos gozados ou não aceites socialmente, não nos permite abordar a vida do modo que realmente queríamos e obriga-nos a seguir um modelo social que na maior parte das vezes tem tanto de desagradável como de aborrecido.

Talvez um dia possa cantar convictamente como Piaff cantou: Non, rien de rien... Non, je ne regrette rien. Para já vou só ouvir e espero que vocês façam o mesmo.

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